SOP - Síndrome dos Ovários Policísticos
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma das endocrinopatias mais comuns, afetando aproximadamente 7% das mulheres em idade reprodutiva. Os motivos que as levam procurar o médico endocrinologista, em geral, são irregularidade menstrual, excesso de pêlos, acne, obesidade, glicemia aumentada e dislipidemia.
Suas características fundamentais incluem disfunção menstrual e excesso de androgênios caracterizado pelo hiperandrogenismo e/ou hiperandrogenemia. Hiperandrogenismo é o aumento dos hormônios masculinos, causando manifestações clínicas tais como acne, aumento de pelos (hirsutismo) e queda de cabelo. Hiperandrogenemia é a presença de concentrações aumentadas dos hormônios masculinos no sangue. O andrógeno que melhor reflete a hiperandrogenemia é a testosterona (testosterona total e livre). Já a elevação da concentração de DHEA ou SDHEA (hormônios das glândulas adrenais) pode ser encontrada em até 20% das pacientes. A concentração de SHBG tende a ser baixa e aumentada a de LH (hormônio luteinizante produzido na hipófise).
É observada, também, a redução da sensibilidade à insulina e o aumento da concentração de insulina sérica (hiperinsulinismo) tanto nas pacientes obesas quanto nas de peso normal. Tal disfunção predispõe a distúrbios metabólicos, tal como diabetes, bem como maior risco de doença cardiovascular.
Pode-se encontrar também, mas não necessariamente, ovários policísticos à ultrassonografia. O ovário policístico deve ser definido pela presença de 12 ou mais folículos medindo entre 2 e 9 mm de diâmetro e/ou aumento do volume ovariano (>10cm³).
O diagnóstico da SOP deve obedecer a critérios estritos e não somente se apoiar na aparência multicística ou policística do ovário. Uma variedade de combinação de sinais e sintomas é a regra em pacientes portadoras da síndrome, principalmente aqueles relacionados à esfera reprodutiva. De fato, o padrão menstrual pode variar de amenorréia primária (ausência de menstruação) a ciclos regulares, porém sem ovulação, ou sem se manifestar por sangramento uterino disfuncional. Tais alterações podem repercutir num quadro de infertilidade. Por outro lado, pacientes com SOP podem ovular intermitentemente e a gravidez ocorrer espontaneamente. O grau de hirsutismo é variável, podendo estar ausente em aproximadamente 30% das pacientes, ficando na dependência de fatores raciais, étnicos e genéticos. Também a acne pode ser de grau variado.
A observação da existência de casos familiares quanto ao quadro sindrômico sugere uma base genética para a SOP, sendo possivelmente a hiperandrogenemia a característica herdada mais frequente.
A SOP é considerada também um fator de risco cardiovascular, com uma alta prevalência de distúrbios metabólicos tais como obesidade, diabetes mellitus e dislipidemia.
O tratamento consiste em contraceptivos hormonais orais para controle do ciclo menstrual, clomifeno para infertilidade, antiandrógenos (ciproterona e espironolactona) na tentativa de diminuir os andrógenos no sangue, metformina para os casos de pré-diabetes ou diabetes estabelecido, estatinas para o aumento do colesterol e, principalmente, perda de peso por dieta e exercício.
Torna-se, frente ao quadro, de extrema importância que as pacientes sob suspeita ou confirmação do diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos sejam regularmente acompanhadas pelo endocrinologista.
10 Coisas Que Você Precisa Saber Sobre a Síndrome dos Ovários Policísticos
- A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP ou PCOS, sigla em inglês) é uma doença endocrinológica caracterizada pelo aumento da produção de hormônios masculinos.
- Para ser diagnosticada é preciso que a paciente apresente dois ou três sintomas combinados, e que seja excluída outra patologia. Além disso, o médico deve avaliar sua história clínica e realizar o exame físico. Os sintomas da SOP são: aumento do volume ovariano, ausência ou irregularidade da menstruação, ausência de ovulação, aumento de peso, aparecimento de acne, hirsutismo(crescimento de pelos no rosto e outros locais em que a mulher normalmente não tem pelos), queda de cabelo, resistência insulínica (RI) e problemas com a fertilidade;
- Segundo o Dr. Alexandre Hohl, 1 em cada 15 mulheres em idade reprodutiva tem SOP e a RI atinge de 50 a 70% das mulheres com a Síndrome. E, esta resistência independe do peso corporal da mulher. A literatura mostra a prevalência em torno de 5% a 10% da população feminina em idade fértil;
- Apesar da SOP ser causa da irregularidade menstrual em 85% das jovens, é um distúrbio que pode se manifestar de diversas formas. Além disso, a SOP está associada com o maior risco para o desenvolvimento de outras doenças como câncer de endométrio (tumor localizado na parede interna do útero), ataque cardíaco e diabetes;
- O tratamento da SOP deve estar acoplado ao incentivo a uma dieta alimentar e a prática de atividade física, pois, segundo o Dr. Alexandre, “Para se tratar SOP e RI, é fundamental a mudança no estilo de vida. Isso melhora a resistência insulínica, a fertilidade, regula a ovulação e aumenta a sensibilidade à insulina”;
- Dentre as opções medicamentosas, os anticoncepcionais orais têm sido muito utilizados e são seguros e eficazes em pacientes sem maiores comorbidades metabólicas. Por ser uma síndrome, com vários sintomas, o tratamento deve englobar diversos medicamentos como hipoglicemiantesorais (nos casos de resistência à insulina); estimulantes da menstruação, medicamento para reverter o quadro de infertilidade, cosméticos conta a acne e terapias para o controle do estresse e da ansiedade;
- Mulheres com SOP apresentam, em geral, valores mais elevados de percentual de gordura, adiposidade central (barriga), testosterona, glicose pós-prandial, insulina basal e pós-prandial, triglicerídeos, colesterol total e LDL colesterol. Além disso, apresentam fatores de risco cardiovasculares mais precocemente do que comparadas as mulheres sem SOP, com mesmo IMC;
- De acordo com a Diretriz Brasileira sobre a SOP, dieta e exercícios físicos representam o tratamento de primeira linha, melhorando a resistência à insulina e retorno dos ciclos ovulatórios, mesmo na ausência de perda de peso. Com o tratamento medicamentoso adequado, cerca de 50% a 80% das pacientes apresentam ovulação e 40% a 50% engravidam. A fertilização in vitro (FIV) também é indicada nos casos em que a estimulação ovariana foi exagerada, com o objetivo de evitar o cancelamento do ciclo;
- A perda de peso resultante das mudanças no estilo de vida “favorecerá a queda dos androgênios circulantes, melhorando o perfil lipídico e diminuindo a resistência periférica à insulina; dessa forma, contribuirá para o decréscimo no risco de aterosclerose, diabetes e regularização da função ovulatória. A prescrição de contraceptivos hormonais orais de baixa dose, por sua vez, propiciarão o controle da irregularidade menstrual e redução do risco de câncer endometrial” (Projeto Diretrizes AMB);
- Apesar de ser comum, a Síndrome dos Ovários Policísticos manifesta-se de diferentes formas nas mulheres e por este motivo seu tratamento deve ser individualizado. Até o momento não foi descoberta a cura para a SOP, entretanto com o controle dos sintomas é possível prevenir os problemas associados. Em casos de suspeita de SOP, procure o seu endocrinologista.